sábado, 8 de fevereiro de 2020

Diva do Verde, a lenda.


Se por um lado, uma biografia se faz por ocasião dos fatos e do tempo, o povo sempre vai contar a história como se fosse uma lenda.
O ano de 2015 foi muito importante para um bairro de Camaçari, pela primeira vez na história o povo se uniu e exigiu seus direitos.
Essa conturbação que ganhou destaque na imprensa foi comandada por um líder comunitário, até então, só conhecido pelos amigos pelo nome de Edvan Guia de Assis, apelidado desde a infância de Diva.
Era um serviço simples da prefeitura, simples obra de asfaltamento na segunda etapa do bairro (Verde II), que compreende da creche Esperança em diante.
Porém, os engenheiros disseram que apenas uma parte de toda a extensão seria concluída.
Diante disso o povo se indignou e seu líder disse aos operários:
_Se for para fazer só a metade vocês nem vão começar a obra.
Diva já contava com uma multidão ao seu lado, o prefeito foi chamado e veio pessoalmente, argumentou, eram próxima as eleições, Diva e o povo estavam irredutíveis.
Na insistência da prefeitura, o bairro amanheceu em clima de guerra, enquanto os tratores tentavam ganhar a rua Costa Azul, uma barricada de pneus e plásticos foi feita na confluência da creche Esperança e a igreja Batista, com a presença da imprensa o fogo foi aceso, o povo ordeiro do bairro gritava palavras de ordem:
_ Ou faz tudo ou não faz nada.
No meio da multidão de moradores, funcionários da prefeitura, tratores, fogo e gritaria, o presidente da associação dos moradores vem para argumentar em nome da prefeitura.
Argumentos pífios de quem come na mão de patrão, o líder Diva, conclamado pelo povo, entra na discussão.
No calor da discussão, Diva faz um movimento mais brusco e o presidente da associação vai ao chão.
A polícia é acionada e se apresenta, a ordem é levar o líder comunitário preso.
O carro da autoridade está no local, diante da turba:
_Quem é Diva???
Pergunta o comandante da polícia.
Um sofrido silêncio se faz, o ar carregado de fumaça preta ainda não havia se dissipado por completo, o povo se queda num silêncio de morte, nenhuma resposta.
O comandante grita mais alto:
_Quem é Diva???
Repentinamente, na quarta fileira da multidão, um guri que nem barba ainda tinha na cara, solta um grito desafiador:
_Eu sou Diva.
Ao lado do policial um velho grita também:
_Eu sou Diva.
E assim subsequentemente, cada um daquele povo disse ser Diva, mulheres e homens.
O policial tomou o rádio e disse:
_Acho que a gente não tem carro suficiente não.

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